Furacão Ioke
Furacão/Tufão Ioke | |
Tufão violento (Escala JMA) | |
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Supertufão categoria 5 (SSHWS) | |
O furacão Ioke no pico de intensidade máxima em 24 de Agosto de 2006 a leste das ilhas do Havaí | |
Formação | 20 de agosto de 2006 |
Dissipação | 6 de Setembro de 2006 (Data da transformação de Ioke num ciclone extratropical) 12 de setembro de 2006 (Data da dissipação dos remanescentes extratropicais) |
Ventos mais fortes | sustentado 10 min.: 195 km/h (120 mph) sustentado 1 min.: 260 km/h (160 mph) |
Pressão mais baixa | 915 hPa (mbar); 27.02 inHg (Recorde baixo no Pacífico Central) |
Fatalidades | Nenhuma |
Danos | $88 milhões de dólares (2006) |
Inflação | $90 milhões de dólares (2007) |
Áreas afectadas | Atol de Johnston, Ilha Wake, Minamitorishima e sul da Alasca. |
Parte da Temporada furacões no Pacífico e de tufões de 2006 | |
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O furacão Ioke' (também referido com Tufão Ioke foi o ciclone tropical com mais energia ciclônica acumulada (ECA) de qualquer ciclone tropical. Sendo o primeiro sistema tropical e único ciclone a se formar no Pacífico centro-norte da temporada de furacões no Pacífico de 2006, Ioke foi um ciclone tropical de longa duração e extremamente poderoso que quebrou vários recordes. Ioke deslocou-se sobre o Oceano Pacífico por 19 dias, alcançando a força equivalente a um furacão de categoria 5 na escala de furacões de Saffir-Simpson em três ocasiões.
O ciclone formou-se da zona de convergência intertropical em 20 de agosto de 2006 a uma distância considerável do sul do Havaí. Encontrando águas quentes, fracos ventos de cisalhamento e fluxo externo bem definido, Ioke intensificou-se de uma depressão tropical a um furacão de categoria 4 em apenas 48 horas. No final de 22 de agosto, o furacão enfraqueceu-se rapidamente para um furacão de categoria 2 antes de passar sobre o Atol de Johnston. Dois dias depois, o furacão encontrou condições favoráveis que permitiram a rápida intensificação e Ioke alcançou a força equivalente a um furacão de categoria 5 em 25 de agosto antes de cruzar a Linha Internacional de Data. Assim que continuava a seguir para oeste, a intensidade de Ioke flutuou e em 31 de agosto, o sistema passou perto da Ilha Wake com ventos constantes de 250 km/h (155 mph). Ioke enfraqueceu-se gradualmente assim que começou a seguir por uma trajetória para noroeste e norte e em 6 de setembro, o sistema tornou-se um ciclone extratropical. Os remanescentes de Ioke começaram a seguir mais velozmente para nordeste e por último, passou sobre o Alasca.
Ioke não afetou nenhuma área permanentemente povoada nas bacias do Pacífico centro-norte ou noroeste como um furacão ou a um tufão. Um grupo de 12 pessoas teve que permanecer num abrigo à prova de furacões no Atol de Johnston; o grupo estimou que os ventos alcançaram mais de 160 km/h, que derrubaram várias árvores no atol, mas não afetou a população de pássaros da ilha. O furacão deixou danos moderados na Ilha Wake, que totalizou cerca de $88 milhões de dólares (valores em 2006), que incluem destelhamentos e danos a construções, embora a infra-estrutura da ilha permaneceu intacta; todos os militares tiveram que abandonar a ilha. Depois, os remanescentes extratropicais de Ioke produziram uma maré ciclônica severa ao longo da costa do Alasca, causando ressacas.
História meteorológica
[editar | editar código-fonte]A zona de convergência intertropical (ZCIT) produziu uma perturbação tropical com uma área de baixa pressão de baixos níveis a uma distância considerada a sudeste das ilhas do Havaí na metade do mês de Agosto de 2006. Sob a influência de uma forte alta subtropical que se movia para oeste ao seu norte, a perturbação moveu-se para oeste, com áreas de convecção profunda se intensificando e se enfraquecendo diariamente. O sistema ficou lentamente mais bem organizado e no começo da madrugada de 20 de Agosto, a perturbação tornou-se a depressão tropical Um-C a cerca de 1.250 km ao sul de Honolulu, Havaí. Neste momento, não havia áreas de convecção associadas ao ZCIT na latitude 10°N.[1]
Não havia praticamente ventos de cisalhamento e a temperatura da superfície do mar estava em torno de 28°C (82°F). Com isso, as condições estavam extremamente favoráveis para o desenvolvimento do sistema[1] e foi previsto operacionalmente que o ciclone atingiria a intensidade de um furacão mínimo dentro de quatro dias antes de começar a se enfraquecer.[2] A depressão tornou-se uma tempestade tropical seis horas depois.[1] O Centro de Furacões do Pacífico Central deu-lhe o nome Ioke (pronunciado /iːˈoʊkeɪ/), um nome havaiano para o nome Joice.[3] Logo depois, Ioke fortaleceu-se rapidamente e no final de 20 de Agosto, formou-se um centro denso nublado e os primeiros princípios de uma parede do olho.[4] No começo da madrugada de 21 de Agosto, a tempestade tornou-se um furacão, apenas 24 horas depois da formação da depressão tropical.[1]
O furacão Ioke intensificou-se continuamente assim que o sistema continuava a seguir para oeste-noroeste. O olho ficou mais bem definido e a parede do olho aprofundou-se assim que novas áreas de convecção se formaram.[5] Perto da Linha Internacional de Data, um cavado frontal fez que o furacão seguisse para noroeste e depois de um período de rápida intensificação, Ioke atingiu o primeiro pico de intensidade com ventos constantes de 215 km/h no começo da madrugada de 22 de Agosto a cerca de 450 km a sudeste do Atol de Johnston. Após manter a intensidade equivalente a um furacão de categoria 4 na escala de furacões de Saffir-Simpson por cerca de 18 horas,[1] Ventos de cisalhamento do sudoeste romperam ligeiramente o núcleo interno do furacão[6] e Ioke enfraqueceu-se rapidamente. Neste momento, Ioke apresentava ventos constantes de 165 km/h. No final de 22 de Agosto, o furacão passou a cerca de 48 km ao sul do Atol de Johnston,[1] sendo que o quadrante nordeste da parede do olho afetou diretamente o atol no começo da madrugada de 23 de Agosto.[7] Após começar a seguir para oeste depois naquele dia, os ventos de cisalhamento começaram a se enfraquecer, permitindo um segundo período de rápida intensificação. Em 24 de Agosto, o furacão apresentava uma parede do olho contraída, com apenas 37 km de diâmetro[8] e em 25 de Agosto, Ioke atingiu a intensidade equivalente a categoria 5 na escala de furacões de Saffir-Simpson a cerca de 1.560 km a oeste-sudoeste da ilha havaiana de Kauai.[1]
Após manter a força equivalente a força de um furacão de categoria 5 por cerca de 18 horas,[1] o furacão Ioke enfraqueceu-se ligeiramente devido a um ciclo de substituição da parede do olho.[9] Completando o ciclo em 26 de Agosto,[10] o furacão se fortaleceu novamente num furacão de categoria 5. O cavado que estava ao seu noroeste e posteriormente ao seu oeste, afastou-se do furacão, permitindo à alta subtropical a se fortalecer novamente e com isso, o furacão começou a seguir para sudoeste.[1] O ambiente geral continuava muito favorável para sustentar a intensidade do ciclone. Fortes ciclones de altos níveis a uma distância considerável ao noroeste de Ioke proviam ao sistema bons canais de fluxos externos e poucos ventos de cisalhamento. Além disso, as águas continuavam mornas ao longo do caminho de Ioke.[10] Com estas condições extremamente favoráveis, o modelo de previsão de furacões do Laboratório Geofísico de Dinâmica de Fluidos previu que Ioke iria alcançar uma intensidade com ventos sustentados de 355 km/h (220 mph), com uma pressão atmosférica mínima de 860 mbar (hPa), o que seria um recorde absoluto.[11] No começo da madrugada de 27 de Agosto, a pressão atmosférica central caiu para 915 mbar (hPa) de pouco depois, Ioke cruzou a Linha Internacional de Data, tornando-se um tufão com ventos constantes de 260 km/h.[1]
Referido não oficialmente como super tufão pelo Joint Typhoon Warning Center (JTWC), Ioke manteve a intensidade equivalente a um furacão de categoria 5 por cerca de 12 horas após cruzar a Linha Internacional de Data. O tufão começou a se enfraquecer lentamente em 28 de Agosto,[12] devido a um aumento dos fluxo interno de uma crista de alta pressão ao seu norte.[13] Em 29 de Agosto, o ciclone começou a seguir para oeste e oeste-noroeste enquanto seguia na periferia da alta subtropical e Ioke alcançou novamente a intensidade equivalente a um furacão de categoria 5.[12] A Agência Meteorológica do Japão (AMJ) disse que Ioke alcançou a intensidade máxima com ventos máximos constantes em 10 minutos de 195 km/h (120 mph) em 30 de Agosto.[14] Depois, o tufão diminuiu sua intensidade, tendo força equivalente a um furacão de categoria 4. Esse foi o último enfraquecimento do sistema. Em 31 de Agosto, Ioke passou muito perto da Ilha Wake com ventos constantes de cerca de 250 km/h.[12]
Em 1º de Setembro, um aumento nos ventos de cisalhamento e a infiltração de ar mais seco deixaram o olho de Ioke cheio de nuvens e alongado e[15] em 2 de Setembro, Ioke estava sofrendo um novo ciclo de substituição da parede do olho.[16] Em 3 de Setembro, Ioke passou a cerca de 80 km ao norte de Minamitorishima com ventos de cerca de 200 km/h.[17] A tendência de enfraquecimento continuou gradualmente e o tufão começou a mudar firmemente a sua direção de deslocamento para o noroeste, ainda na periferia da alta subtropical. Um cavado em fortalecimento causou a mudança da direção de deslocamento de Ioke, que começou a mover-se numa trajetória mais ao norte.[18] O ciclone enfraqueceu-se numa tempestade tropical a algumas centenas de quilômetros a leste do Japão. Depois de deslocar-se mais velozmente para nordeste, o ciclone começou a perder suas características tropicais e o JTWC declarou o sistema como um ciclone extratropical em 5 de Setembro.[12] A AMJ manteve Ioke como um tufão por mais um dia e manteve o sistema como um ciclone tropical até o momento em que o AMJ declarou o sistema como um ciclone extratropical por volta do meio-dia de 6 de Setembro. Os remanescentes extratropicais de Ioke foram seguidos pelo AMJ até 7 de Setembro, quando o sistema localizava-se perto das Ilhas Aleutas no Alasca.[14] O sistema intensificou-se como um ciclone extratropical assim que se aproximava as Ilhas Aleutas e desenvolveu novamente ventos com intensidade de furacão. O sistema entrou no Mar de Bering em 8 de Setembro e após seguir para leste, cruzou as Ilhas Aleutas e entrou no Golfo do Alasca. Os remanescentes extratropicais de Ioke dissiparam-se perto do sudeste do Alasca em 12 de Setembro.[19]
Preparativos e impactos
[editar | editar código-fonte]Atol de Johnston
[editar | editar código-fonte]No final de 21 de Agosto, cerca de 24 horas de sua maior aproximação, o Centro de Furacões do Pacífico Central emitiu um aviso de furacão para o território inabitado do Atol de Johnston,[20] devido a incerteza sobre a possibilidade de haver pessoas na ilha.[21] Um navio da Força Aérea dos Estados Unidos com 12 pessoas abordo estavam na ilha e após confirmarem que o navio estava em segurança, eles recorreram a um abrigo construído a prova de furacões no atol.[1][22] Não houve observações meteorológicas na ilha, mas o grupo estimou que os ventos com intensidade de tempestade tropical duraram cerca de 27 horas sendo que os ventos com intensidade de furacão duraram de seis a oito horas; segundo suas estimativas, os ventos alcançaram 180–210 km/h. Não houve feridos e o navio apenas sofreu danos mínimos. O furacão Ioke, sendo que a porção nordeste de sua parede do olho passou sobre o atol, deixou cerca de 15% das palmeiras derrubadas, sendo que algumas árvores mais fortes também caíram. No entanto, a população de pássaros da ilha continuou intacta. O furacão produziu severas ressacas que destruíram uma porção de um dique marítimo e uma rodovia adjacente.[1]
Ilha Wake
[editar | editar código-fonte]Sob a ameaça do tufão por vários dias, duas aeronaves retirou todos os 188 militares da Ilha Wake para o Havaí, a primeira evacuação em escala total desde o tufão Sarah na temporada de 1967.[23] Uma bóia logo a leste da ilha registrou uma pressão mínima de 921,5 mbar assim que Ioke passou diretamente sobre ele.[24] Antes do tufão passar logo ao norte da ilha, um anemômetro registrou ventos com intensidade de furacão, sendo que o aparelho registrou uma rajada de 160 km/h antes do instrumento falhar em continuar registrando os ventos.[25] Foi estimado que os ventos máximos sustentados chegaram a 260 km/h (155 mph) com rajadas de 305 km/h (190 mph).[26] A pressão mínima registrada na ilha foi de 934 mbar às 0906 UTC de 31 de Agosto.[25] Foi esperado que o tufão produzisse uma maré de tempestade de (5,5 m) e ondas que chegavam a altura de 12 metros, onde o terreno não passa de 6 metros de altitude. Além disso, chuvas fortes do tufão deixaram construções inundadas, sendo que foi encontrada cerca de 30 cm de água parada vários dias após a passagem do tufão.[27]
Os fortes ventos do tufão Ioke causaram danos extensivos ao sistema elétrico da ilha, deixando todas as instalações da ilha sem eletricidade. Além disso, todos os geradores elétricos foram danificados. A combinação dos ventos forte com a maré ciclônica danificou cerca de 70% das construções danificadas no território, muitas das quais com danos moderados em seus telhados. Foi relatado que todas as áreas baixas estavam inundadas ou cobertas com areia e todo o território ficou sem água potável.[27] As comunicações caíram na ilha, sendo que todos os receptores de sinais de satélite e seus respectivos cabos foram destruídos.[28] Os danos na infra-estrutura foi extenso, embora reparável e menos do que era esperado.[29] Foi estimada que os danos na ilha ficaram em $88 milhões de dólares (valores em 2006) ($90 milhões de dólares, valores corrigidos em 2007).[30]
Japão e Alasca
[editar | editar código-fonte]Em 1º de Setembro, a Agência Meteorológica do Japão ordenou a evacuação temporária de sua equipe em Minamitorishima, sob a ameaça do tufão. A Agência esperava fortes ondas e ventos na ilha, mas não houve registro de danos na ilha.[31]
Os remanescentes extratropicais de Ioke produziram uma maré ciclônica e ondas que passaram 9 m de altura ao longo da costa sudoeste do Alasca, que coincidiu com a maré alta astronômica; a combinação destes fenômenos causou pequenas enchentes ao longo da Baía de Bristol e do Delta dos rios Yukon e Kuskokwim.[32] As rajadas de vento chegaram a 136 km/h em Unalaska.[33] O sistema produziu chuvas moderadas a fortes sobre a porção ocidental do Alasca, incluindo a precipitação acumulada recorde de 29 mm em Bethel e 17 mm em Kotzebue. As chuvas continuaram na porção sudeste do estado, contribuindo para as médias de chuvas acima do normal perto de Juneau.[34]
Recordes e consequências
[editar | editar código-fonte]Nome | Temporada | Nome | Temporada |
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Patsy | 1959 | "México" | 1959 |
Ava | 1973 | Emilia | 1994 |
Gilma | 1994 | John | 1994 |
Guillermo | 1997 | Linda | 1997 |
Elida | 2002 | Hernan | 2002 |
Kenna | 2002 | Ioke | 2006 |
O furacão Ioke tornou-se um entre cinco furacões a alcançar a força de um furacão de categoria 5 na escala de furacões de Saffir-Simpson no Oceano Pacífico centro-norte e o único que se originou nesta bacia. Com uma pressão atmosférica mínima central estimada em 915 mbar (686,3 mmHg), o ciclone atingiu a menor pressão atmosférica estimada, superando qualquer outro furacão na bacia,[1] sendo mais intenso do que seu antecessor, o furacão John em 1994.[35] Ioke manteve a intensidade de no mínimo de um furacão de categoria 4, com ventos máximos sustentados maiores do que 212 km/h por 198 horas consecutivas. Com isso, Ioke foi o ciclone tropical que manteve por mais tempo a intensidade equivalente a um furacão de categoria 4 em toda a Terra.[1] Além do mais, o ciclone manteve a intensidade equivalente a um super tufão por 174 horas consecutivas, que também é um recorde mundial.[24] Como resultado de sua extensa duração e intensidade, o furacão/tufão Ioke acumulou 82 104 kt² em energia ciclônica, que também é um novo recorde mundial.[36]
A Guarda Costeira dos Estados Unidos executou inicialmente uma avaliação aérea dos danos na Ilha Wake em 2 de setembro, três dias após a passagem do tufão. O voo indicou danos gerais menores do que o esperado e relatou que não havia nenhum derramamento de óleo ou vazamento de materiais perigosos. A Guarda Costeira dos Estados Unidos chegou a ilha com um barco e trazendo uma equipe em 7 de setembro, sendo que uma avaliação de danos preliminar completada quatro dias depois; a equipe também reparou um gerador para prover eletricidade na ilha.[27] Uma segunda equipe analisou a estabilidade do aeroporto local e após testes vitais, os trabalhadores limparam a pista de decolagem/aterrissagem para permitir que aviões chegassem ao território.[37] Em 13 de Setembro, um grupo de engenheiros reparou o sistema de eletricidade na ilha.[38] Cerca de um mês depois a passagem do ciclone, vários prédios já estavam em funcionamento.[29]
O Centro de Furacões do Pacífico Central requereu a retirada do nome e em Abril de 2007, o nome Ioke foi retirado e substituído por Iopa.[39]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Arquivo de avisos do CPHC sobre o furacão Ioke (em inglês)